Ao
lado de Tom Waits, Leonard Cohen foi meu companheiro de viagem no período em
que morei em Londres em 2011. Antes de sair do Brasil, meu amigo Alexandre Diniz
me presenteou com a obra completa de Waits. Na Inglaterra, eu baixei boa parte
da discografia de Leonard Cohen. Passava horas ouvindo a ambos, mais ainda quando a noite se aprofundava e nos envolvia.
Eu me lembro de ter ouvido seu nome pela primeira vez
quando Kurt Cobain o cantou na letra de “Pennyroyal Tea”. Desde então, Leonard
Cohen era um propósito, desses que fazemos e que vamos deixando a cargo do
tempo. Um dia vou conhecer a obra de Leonard Cohen, eu me dizia, e esse dia
veio naquele meu exílio voluntário.
Num sábado, encontrei numa livraria de encalhados de Notting Hill uma edição popular de Beautiful Losers, de 1966, um intrincado romance escrito por Cohen antes de passar para o território da canção. Agora, pensando naquele livro, vejo como tem relações, de contexto, com PanAmérica, de José Agrippino de Paula, do mesmo modo que a guinada de Cohen para o território da canção pode ser associada à de outro maldito, nosso Jorge Mautner.
Num sábado, encontrei numa livraria de encalhados de Notting Hill uma edição popular de Beautiful Losers, de 1966, um intrincado romance escrito por Cohen antes de passar para o território da canção. Agora, pensando naquele livro, vejo como tem relações, de contexto, com PanAmérica, de José Agrippino de Paula, do mesmo modo que a guinada de Cohen para o território da canção pode ser associada à de outro maldito, nosso Jorge Mautner.
Mas em Londres, apesar de eu ter carregado uma edição
de PanAmérica, apesar de eu ter lido
muito superficial e precariamente Beautiful
losers, eram as canções de Cohen – e as de Waits – que me acompanhavam.
Gosto muito de seus discos gravados ao vivo como “Live
Songs”, de 1973, que traz uma belíssima e poderosa canção, “Nancy”, além de “Bird
on the wire", "Please don't pass me by e "Tonight will be fine”.
Gosto de suas performances no palco e de sua prosódia clara e delicada quando declama ou fala para introduzir as canções.
Há um mês, quando Bob Dylan ganhou o Prêmio Nobel de
literatura, foi de Cohen a declaração mais precisa, como cabe, aliás, apenas aos
grandes poetas: “Para mim, é como dar uma medalha ao Everest por ele ser o mais alto do mundo.”
Dylan
também o admirava. Disse que as canções de Cohen eram como orações. Nos últimos
tempos, o trovador que tão bem cantou o amor estava se preparando para a morte.
Numa das faixas de seu último disco, o compositor de “Hallelujah” orou mais uma vez: “Estou
pronto, meu senhor.”
(Foto: Takahiro Kyono)
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