Vejo que o Senado Federal aprovou em primeiro turno uma Proposta de Emenda Constitucional favorável à obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão. Como tenho deparado com o tema ao longo dos últimos anos vou expor o meu ponto de vista. Sou jornalista formado, mas durante muito tempo trabalhei como jornalista com o meu diploma de comunicação em Rádio e TV.
Sou, e quero deixar isso bem claro, totalmente contrário à obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão. Acho a faculdade de jornalismo ou a formação superior num curso de ciências sociais ou humanas fundamentais para o desenvolvimento do jornalista e do jornalismo. Foi por esse motivo que voltei para os bancos da universidade em busca do meu diploma no curso.
Não acredito no Senado Federal, acho que já há algum tempo a casa chegou a um ponto de desmoralização que torna possível a discussão de sua necessidade para a nossa República, mas isso é outra história. Agora, na Constituição Federal eu acredito e me sinto até constrangido de imaginar que um dia a Carta Magna do país possa trazer, entre direitos e garantias fundamentais, a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão.
O jornalismo é uma atividade liberal que independe e deve independer de uma garantia do Estado. O mercado do jornalismo no Brasil é injusto e desigual para o trabalhador jornalista não porque há profissionais não diplomados exercendo a profissão, mas porque os jornalistas que a exercem – formados ou não – não foram capazes até hoje de criar uma associação sólida e confiável capaz de tornar o mercado mais digno e fazer frente aos empresários da comunicação, aqueles que sempre deram as cartas.
Imaginar que a obrigatoriedade do diploma, como foi durante quase quarenta anos, vai melhorar o padrão do nosso jornalismo é no mínimo ingênuo. Como é ingênuo imaginar que a não obrigatoriedade vai acabar com a necessidade pessoal do curso superior e da especialização. Como se de uma hora para outra o mercado passasse a aceitar aventureiros que não sabem escrever e não têm diploma no lugar daqueles apaixonados que investiram e se especializaram na área.
Além disso, acredito que a não obrigatoriedade pode contribuir para o desaparecimento daquelas faculdades caça-níqueis que existem justamente porque um dia um governo, por acaso o militar, tornou a necessidade do diploma obrigatória.