O meteoro que explodiu sobre a cidade de Chelyabinsk, na
Rússia, causou ferimentos a mais de mil pessoas, segundo os jornais. A maioria provocada por vidraças que se estilhaçaram. Por sorte, ninguém morreu. Fenômenos
naturais como esse acontecem diariamente, dizem os cientistas, a diferença é
que os corpos celestes acabam caindo nos oceanos ou em lugares não habitados e,
normalmente, têm proporções muito menores do que o siberiano, com suas sete mil
toneladas.
A queda foi marcada por duas coincidências, a primeira é que
a data estava reservada para a passagem de um asteroide muito próximo, em
proporções astronômicas, à órbita da Terra. A segunda é que o objeto caiu na mesma região do planeta atingida pelo último grande meteoro, em 1908.
Na Rússia, por motivos de segurança e corrupção, muitos carros possuem câmeras instaladas no para-brisa, o que garantiu registros da cena absolutamente incomum. Imagino a excitação que o fenômeno causou, para o bem e para o mal.
Na Rússia, por motivos de segurança e corrupção, muitos carros possuem câmeras instaladas no para-brisa, o que garantiu registros da cena absolutamente incomum. Imagino a excitação que o fenômeno causou, para o bem e para o mal.
É como se, a cada cem, duzentos anos, a providência, a
natureza ou mesmo o acaso, não importa que nome tenha, nos lembrasse de que
somos parte da mesma matéria que compõe o pó das estrelas, que viemos do mesmo
lugar.
Em 1998 ou 99, não me lembro, eu e meus amigos vimos, do
quintal da república em que morávamos em Bauru, uma chuva de meteoros. É quase
impossível reproduzir as sensações que tivemos diante daquelas dezenas de
estrelas cadentes velocíssimas que riscavam o céu escuro e profundo, maiores,
muito maiores do que o que estamos acostumados a ver daqui, com os pés no chão.
Disse um russo em depoimento a uma rádio de Moscou
reproduzido hoje pela Follha: “Estava sentado trabalhando e a janela estava
levantada. Em segundos foi como se a cidade inteira tivesse sido iluminada.
Olhei para fora e vi uma grande mancha brilhante no céu que durou dois, três
minutos e então os cachorros começaram a uivar."
Os cães de Chelyabinsk uivaram exatamente como faziam seus
ancestrais há milênios. Quando lobos e cães se juntavam a homens estarrecidos
diante de bolas de fogo que cruzavam o céu e, por alguns segundos, iluminavam
noites que pareciam eternas.