14 agosto 2014

Familiar demais


Sabe aquela sensação de encontro? Quando parece que alguém ou alguma coisa foi feita para você? Pois foi isso o que senti ao ouvir Supersonic pela primeira vez, se não me engano em um programa do Fábio Massari na MTV.

Nessa mesma época comprei Definitely Maybe, o primeiro disco do Oasis, e descobri coisas inesquecíveis como Live Forever e Slide Away... Alguém já disse que é o melhor disco de estreia de todos os tempos. Aos poucos entendi quem estava por trás daquilo tudo: Noel Gallagher, o compositor (então era o único) e guitarrista da banda que, ao lado do irmão vocalista Liam, deu uma sacudida naquele cenário desolado desde a morte de Kurt Cobain. 

Sem ter a flama de Cobain, Noel tinha uma vantagem: era melhor compositor. Quando eu ouvi os lados B dos singles da banda lançados no Reino Unido eu só confirmei: Sad Song, Take me Away, (It's Good) To Be Free, Listen Up, Whatever... Eu podia imaginar como era para um garoto dos anos 60 ouvir Lennon & McCartney.

Os Beatles, aliás, eram a principal referência de Noel. Havia outras como David Bowie e Burt Bacharach. Mas havia sobretudo seu talento. Há algumas lendas em torno da relação de Noel com a banda. Consta que o Oasis foi formado por Liam e seus amigos e que o irmão mais velho só concordou em entrar para a banda se pudesse ser o único responsável pelas composições. 

Na autobiografia do primeiro baterista do Oasis, Tony McCarroll revela que a ideia de trazer Noel foi de Liam. Segundo o baterista, havia desconfiança em relação ao outro irmão Gallagher, tido como arrogante e presunçoso pelos demais. E quando, um dia, ele surgiu com Live Forever, Liam lançou para colegas um olhar orgulhoso que significava: "eu não disse?". 

A começar pela banda, estávamos todos diante de um autor de canções incrivelmente bem escritas e pegajosas. E eu, diante do cara que me salvou da adolescência.

*Definitely Maybe foi lançado há exatos vinte anos no Reino Unido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

'Pilatos', de Carlos Heitor Cony, simboliza o Brasil de Delfim Netto

Pilatos , romance de Carlos Heitor Cony publicado em 1974, pode ser lido como um retrato do Brasil de Delfim Netto, um dos artífices da dita...