Yuri Gagarin foi para o espaço e fez uma revelação maravilhosa. Sim, estou falando da primeira viagem espacial realizada por um homem. Volta e meia, penso nisso.
A frase já vai longe, mas passou à História no exato momento em que foi dita. Hoje, falar em conquista do espaço é absurdo, mas falar em navegação espacial já não é. Que o digam os pouquíssimos milionários que se enfiam numa nave rumo ao vazio. Nestes tempos de Columbias e de Discoveries, fico até um pouco entediado em acompanhar esses programas espaciais destinados a pesquisas essencialmente pragmáticas e burocráticas. Alguém pode dizer que, com tantos bilhões de dólares envolvidos, não há como ser diferente. Pode ser. E também, como imaginar uma viagem mística? Lembram do Contato, do filme? Eu nunca esqueço da personagem da Jodie Foster dizendo: - “Deviam ter mandado um poeta!” E o Gagarin foi poético.
Os soviéticos largaram na frente na corrida espacial. Mandaram insetos e até uma cadela para o espaço. Na minha infância, durante a década de 1980, ainda era comum encontrarmos cachorras “Laikas” em homenagem àquele mamífero pioneiro que jamais voltou a Terra. Em 1961, finalmente chegou a vez de um homem. Os americanos, na época correndo atrás dos soviéticos, obteriam seu feito histórico quase dez anos mais tarde, quando Neil Armstrong pisou a Lua. Mas, talvez tentando ser mais célebre que Gagarin, Armstrong deu o passo com uma fala pronta, retórica. Gagarin foi mais puro, porque encantado. Em pouco mais de uma hora, circundou nosso planeta e, siderado, constatou algo fantástico. Então, disse apenas o que viu, o que sentiu, o que o encantou naquele momento. A simples e bela revelação: - “A Terra é azul!”
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