Há algumas semanas meus pais estiveram em Aracaju. Na excursão, conheceram um corintiano. Ao ver que meu pai, com seus 63 anos, é são-paulino, o mosqueteiro estranhou. Professor de história, ele quis saber das origens familiares do seu Nilton. Como muitos paulistas, temos entre os ascendentes pelo menos um italiano, no caso dele a avó. Associação imediata, o corintiano inquiriu que ele devia ser palmeirense.
Sem perder tempo, meu pai apenas lembrou de Leônidas, que brilhou no Tricolor na mesma época em que ele nasceu, a década de 1940, quando o São Paulo ganhou cinco títulos paulistas responsáveis pelo crescimento da torcida. Mas o São Paulo não nasceu com o Diamante Negro. Cresceu. Muito, é fato. O que o meu pai não disse é que o pai dele também era são-paulino. E se era, é muito provável que seja devido a uma predileção pelo Paulistano, que brilhou na década de 1920. As origens do Tricolor estão no Glorioso clube do jardim América. O professor de história poderia ter se informado melhor.
O que eu quero dizer é que há gerações de são-paulinos. E uma delas, pelo menos, é célebre. A geração de Pablo Forlán. Se o São Paulo tem a tradição de um Paulistano (“As tuas ‘glórias’ vêm do passado”), os títulos e a torcida de um Leônidas, tem a grandeza da geração de Pablo Forlán. O pai do melhor jogador da última Copa atuou no Tricolor entre o final dos anos 60 e começo da década seguinte. E foi justamente esse o período em que o São Paulo voltou a ser grande.
Porque a história Tricolor pode ser dividida em quatro partes, pelo menos: as origens paulistanas e a luta pela existência que lhe renderam a alcunha de “Clube da Fé”, a década de ouro do time de Leônidas, a parada estratégica para a construção do Morumbi e a retomada justamente nos anos 70, quando o São Paulo teve Gerson, Forlán e, principalmente, Pedro Rocha.
Forlán pai era um lateral direito mais conhecido pela raça uruguaia e pela entrega em campo do que pelas qualidades técnicas. Por isso, é um dos grandes ídolos da torcida. Tem e sempre teve uma enorme identificação com o Tricolor. Seu filho, Diego, jamais atuou no Brasil. Fez carreira na Espanha, onde há anos brilha no Atlético de Madrid. Seu auge foi a Copa da África do Sul, quando, atuando mais no meio de campo do que no ataque, foi eleito o melhor do torneio.
Agora, a diretoria do São Paulo, cumprindo a tradição de ousadia na contratação de grandes, vai atrás de Diego Forlán. Natural que ele jogue e queira jogar no São Paulo, como já declarou mais de uma vez. Afinal, é o time da família. A contratação ainda não está fechada, mas, pelo que se noticia, tem tudo para dar certo. Também pelo histórico, mesmo que a história possa nos enganar de vez em quando.
Se vier, Diego Forlán cumprirá a uma só vez três tradições tricolores: a contratação de grandes craques como Leônidas e Pedro Rocha, a raça uruguaia de jogadores como Forlán e Pedro Rocha, e o clássico jogador de ataque, que sabe tratar a bola, como Leônidas e Pedro Rocha.
A festa no Morumbi será ainda maior que a de Luís Fabiano. E a diretoria, que tem aspirações de se eternizar pelos mandatos, pode se eternizar pela montagem de mais um time brilhante, como tantos que o São Paulo montou ao longo dos seus mais de oitenta anos de tradição.
Como sempre, Vinicius.... Um texto maravilhoso, mas com assunto errado (hehehehehe) Brincadeira. Uma aula de São Paulo. Parabéns.
ResponderExcluirLiga não pro Viné... Corintiano é sempre assim: incoveniente!!! hahaha Tô brincando com ele, mas adorei o texto. Vou indicar pra um amigo são-paulino que vai se amarrar!
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